Saúde

Ansiedade Pode Matar? O Que a Ciência Diz.

A ansiedade pode matar? Essa é uma pergunta que pode parecer estranha ou mesmo alarmista à primeira vista. No entanto, com o aumento dos casos de ansiedade no mundo, essa dúvida vem ganhando relevância, tanto entre profissionais de saúde quanto do público em geral.

É inegável o papel da ansiedade como um fator crítico que afeta profundamente a qualidade de vida de milhões de pessoas. Mas, será que a ansiedade pode realmente ser letal?

Este artigo pretende explorar a relação entre a ansiedade e a mortalidade à luz das mais recentes descobertas científicas. Discutiremos as implicações da ansiedade na saúde e como o tratamento dessa condição pode promover uma vida mais saudável e duradoura.

Mulher com dor no peito se perguntando se a ansiedade pode matar.
Fonte: Canva

1. O Impacto do Transtorno Ansiedade na Saúde

O transtorno de ansiedade é um estado de constante preocupação, inquietação e medo que pode ser extremamente debilitante. Não é simplesmente uma questão de “nervosismo” ou estresse temporário.

A ansiedade crônica pode afetar negativamente a qualidade de vida e, em alguns casos, pode levar a sérios problemas de saúde física.

Diversos estudos mostram que a ansiedade crônica está associada a várias condições de saúde física, incluindo doenças cardíacas, pressão alta, problemas gastrointestinais, dores de cabeça crônicas e até mesmo certos tipos de câncer.

A resposta constante do “lutar ou fugir” do corpo, que está frequentemente ativa em pessoas com transtornos de ansiedade, pode levar a um desgaste no sistema cardiovascular, no sistema imunológico e em outras partes do corpo.

2. Ansiedade Pode Matar? O Que as Pesquisas Mostram.

Quando se trata de ansiedade e mortalidade, as pesquisas são complexas e vem encontrando achados surpreendentes. Muitos estudos mostram uma associação entre ansiedade e um aumento no risco de mortalidade. No entanto, a relação causal direta entre a ansiedade e a morte ainda não é totalmente clara.

Um estudo recente publicado pela European Society of Cardiology analisou os dados de mais de 6,5 milhões de pacientes para avaliar o risco do acidente vascular cerebral (AVC) e infarto agudo do miocárdio (IAM) em pessoas com transtornos mentais.

Os participantes tinham entre 20 e 39 anos, foram acompanhados durante quase 08 anos e entre eles, quase 50% sofriam com ansiedade, cerca de 21% depressão e 20% apresentavam insônia.

Os resultados do estudo mostraram que os participantes portadores de ansiedade tinham um risco, quando comparado com a população geral, aumentado em 1,53 vezes de ter um IAM e 1,38 vezes de ter um AVC.

Esse aumento do risco está provavelmente associado ao estresse oxidativo crônico causado nos vasos sanguíneos provocado pelo aumento de cortisol e outros hormônios inflamatórios que comumente estão aumentados com a ansiedade.

Vale ressaltar que o estudo é baseado em associações e não consegue isolar a ansiedade de outros fatores que podem contribuir com o aumento da mortalidade. Por exemplo, pode ser que a ansiedade leve a comportamentos não saudáveis, como fumar, beber em excesso ou não se exercitar, que por sua vez aumentam o risco de mortalidade.

3. A Crise de Ansiedade Pode Matar?

As crises de ansiedade, ou ataques de pânico, são momentos de intenso medo ou desconforto que atingem seu pico em poucos minutos. Os sintomas podem incluir palpitações, suor, tremores, sensações de falta de ar ou asfixia, e medo de perder o controle ou de morrer. Por vezes esses sintomas se parecem ou faz a pessoa acreditar que pode estar infartando.

De acordo com a maioria das pesquisas médicas, uma crise de ansiedade, por si só, não é mortal e nem causa um infarto. No entanto, as crises de ansiedade repetidas ou não tratadas podem levar a condições de saúde potencialmente graves, como mostradas anteriormente no estudo.

Portanto, embora as crises de ansiedade em si geralmente não sejam fatais, elas são um sinal de que algo mais sério pode estar acontecendo. Se você está tendo crises de ansiedade, é essencial procurar ajuda médica.

4. Tratando a Ansiedade para Longevidade

Embora a relação entre a ansiedade e a mortalidade ainda seja uma área de pesquisa em andamento, é claro que tratar a ansiedade é crucial para a promoção da saúde e longevidade.

Existem diversas estratégias de tratamento como a terapia cognitivo-comportamental (TCC) que têm se mostrado eficazes no tratamento da ansiedade.

Além disso, em algumas situações, pode ser necessário a utilização de estratégias medicamentosas, sendo necessário o acompanhamento com o médico psiquiatra. medicamentos podem ser úteis em alguns casos.

Vale ressaltar que a manutenção de uma estilo de vida saudável, incluindo exercícios regulares, uma dieta equilibrada, sono adequado e evitar o uso de substâncias prejudiciais, são estratégias com benefícios bem documentados pela ciência.

Além disso, é importante lembrar que buscar ajuda para a ansiedade não é um sinal de fraqueza ou incapacidade. Na verdade, é um passo importante que requer coragem para cuidar de sua saúde física e mental. A ansiedade é uma condição médica séria que requer tratamento, e ninguém precisa passar por esse sofrimento em silêncio.

Conclusão

A questão sobre a pergunta se ansiedade pode matar é complexa e vem sendo esclarecida cada vez mais pela ciência. A ciência mostra ligações indiscutíveis entre ansiedade e uma série de condições de saúde, bem como um risco aumentado de mortalidade.

Contudo, a causalidade direta ainda está sob investigação e é um tópico de intensa pesquisa. O que é irrefutável é o impacto negativo substancial da ansiedade crônica na saúde, tanto física quanto mental, e a necessidade vital de tratar essa condição para a promoção da saúde e longevidade.

Se você ou alguém que você conhece está lidando com a ansiedade, é crucial procurar assistência profissional. A ansiedade é uma questão médica séria que exige cuidado e atenção apropriados.

Kayo Barboza

Médico Psiquiatra (CRM/BA 27300/RQE 17784) com formação em Mindfulness, fundador do Projeto Kalmaria e apaixonado pela missão de promover saúde mental para o maior número de pessoas possível.

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