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Fato ou Fake: O Estresse Causa Pressão Alta?

Vivemos em uma sociedade cada vez mais acelerada e competitiva, onde a seguinte afirmação “estresse causa pressão alta” se tornou uma expressão bastante corriqueira em nosso dia a dia. No entanto, será que essa afirmação é um mito ou uma verdade?

O estresse, uma resposta natural do organismo diante de desafios e ameaças, é frequentemente relacionado a uma série de problemas de saúde, incluindo a hipertensão arterial que também é conhecida como pressão alta.  

Neste artigo, exploraremos essa questão, analisando os verdadeiros impactos do estresse sobre a pressão arterial, assim como também a relação entre o estresse crônico e hipertensão arterial e estratégias eficazes para gerenciar ambos os problemas.

Fato ou Fake: O Estresse Causa Pressão Alta?
Fonte: Canva

Entendendo a Pressão Arterial

A pressão arterial corresponde a força exercida pelo sangue contra as paredes dos vasos sanguíneos quando o coração bombeia o sangue para o corpo. A pressão alta ocorre quando essa força é maior do que o normal, o que pode levar a danos nos vasos sanguíneos, coração, rins e outras partes do corpo. 

A unidade de medida da pressão se dá em milímetros de mercúrio (mmHg) e é composta por dois números: a pressão sistólica (o valor mais alto) e a pressão diastólica (o valor mais baixo).

O estresse é uma reação do corpo a situações que exigem adaptação ou mudança. Ele pode ser benéfico em alguns casos, ajudando a pessoa a se concentrar e a enfrentar desafios. No entanto, o estresse prolongado ou crônico pode afetar negativamente a saúde, incluindo o sistema cardiovascular.

O Estresse Causa Pressão Alta?

Embora seja verdade que o estresse agudo provoque um aumento temporário na pressão arterial, essa elevação tende a desaparecer assim que a situação estressante termina. Isso acontece devido à liberação de hormônios do estresse, como a adrenalina e o cortisol, que aumentam a frequência cardíaca e contraem os vasos sanguíneos.

No entanto, a relação entre o estresse crônico e a pressão alta é mais complexa. Estudos sugerem que o estresse crônico contribuem para o desenvolvimento da hipertensão. Por outro lado, a associação entre os dois não é direta e vários fatores influenciam nessa relação. Além disso, nem todas as pessoas que vivenciam estresse crônico desenvolvem pressão alta.

Fatores que Contribuem para a Relação entre Estresse e Pressão alta

Existem vários fatores que podem contribuir para a associação entre o estresse crônico e a pressão alta, incluindo:

a. Comportamentos não saudáveis: Pessoas sob estresse crônico podem adotar comportamentos prejudiciais à saúde, como fumar, beber álcool em excesso, alimentar-se de forma inadequada e levar um estilo de vida sedentário. Esses hábitos podem aumentar o risco de pressão alta.

b. Problemas de sono: O estresse crônico pode afetar a qualidade e a quantidade de sono, o que pode ter um impacto negativo na pressão arterial. A falta de sono adequado pode levar a um aumento dos níveis de hormônios do estresse, contribuindo para a pressão alta.

c. Respostas emocionais: Emoções negativas, como raiva, ansiedade e depressão, podem ser agravadas pelo estresse crônico e afetar a pressão arterial. Essas emoções podem causar a liberação de hormônios do estresse e desencadear respostas fisiológicas que elevam a pressão arterial.

d. Sensibilidade ao sal: O estresse crônico pode aumentar a sensibilidade de algumas pessoas ao sal, fazendo com que a pressão arterial aumente mais do que o normal em resposta à ingestão de sal. Isso pode levar a um maior risco de hipertensão.

Estratégias de Controle

Controlar o estresse e a pressão alta é fundamental para manter uma boa saúde cardiovascular. Algumas estratégias incluem:

a. Adotar hábitos saudáveis: Praticar exercícios físicos, manter uma alimentação equilibrada, dormir bem, não fumar e limitar o consumo de álcool são medidas fundamentais no controle da pressão arterial e estresse.

b. Técnicas de relaxamento: Praticar técnicas de relaxamento, como meditação, yoga, respiração profunda e relaxamento muscular progressivo, pode ajudar a diminuir os níveis de estresse e, consequentemente, a pressão arterial.

c. Estabelecer prioridades e gerenciar o tempo: Aprender a gerenciar o tempo e estabelecer prioridades pode ajudar a reduzir o estresse. Isso inclui aprender a dizer não, delegar tarefas e evitar a sobrecarga de compromissos.

d. Buscar apoio social e emocional: Conversar com amigos, familiares ou profissionais de saúde mental pode ajudar a lidar com o estresse e fornecer apoio emocional necessário.

e. Tratamento médico: Em casos de pressão alta persistente ou estresse crônico severo, é importante procurar orientação médica. Medicamentos e terapias específicas podem ser recomendados para tratar a hipertensão e o estresse.

Conclusão

A questão se o estresse causa pressão alta é um tema de grande interesse para a saúde pública, uma vez que ambos os fatores podem afetar significativamente a qualidade de vida e o bem-estar das pessoas. 

Embora seja inegável que o estresse agudo altere a pressão arterial, a relação entre o estresse crônico e a hipertensão depende de outros fatores relacionados.

É crucial reconhecer que a adoção de hábitos saudáveis, o gerenciamento eficaz do estresse e a busca por apoio emocional são ferramentas valiosas para prevenir e controlar a pressão alta e o estresse crônico. 

No entanto, em casos de pressão alta persistente ou estresse crônico severo, consultar um profissionais de saúde é fundamental para o tratamento e acompanhamento adequado. 

Esclarecer mitos e verdades e promover estratégias eficazes de gerenciamento, podemos contribuir para a melhoria da saúde cardiovascular e do bem-estar geral da população.

Kayo Barboza

Médico Psiquiatra (CRM/BA 27300/RQE 17784) com formação em Mindfulness, fundador do Projeto Kalmaria e apaixonado pela missão de promover saúde mental para o maior número de pessoas possível.

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