Estilo de Vida

Hormônios do Prazer: Como Estimular a sua Produção?

Os hormônios do prazer não são apenas palavras da moda no mundo da neurociência; eles são componentes bioquímicos fundamentais que regulam nossa sensação de contentamento, amor, realização e até mesmo euforia. 

Em nossa incessante busca pela felicidade e bem-estar, muitas vezes nos voltamos para experiências externas, desejos materiais ou metas ambiciosas. Porém, esquecemos de olhar para a nossa química que desempenha um papel vital em como nos sentimos.

Este artigo pretende ser um guia sobre como compreender, valorizar e, o mais importante, estimular a produção de forma natural desses preciosos hormônios responsáveis pelas nossas experiências de prazer.

Emoji sorrindo após liberação de hormônios do prazer
Fonte: Canva

1. Entendendo os Hormônios do Prazer

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Estes hormônios, presentes naturalmente em nosso sistema, são responsáveis por muitos dos momentos “altos” da vida, desde o riso espontâneo com um amigo até a satisfação de alcançar um objetivo longamente perseguido. 

O que muitos não sabem é que nosso estilo de vida, hábitos e escolhas diárias podem influenciar diretamente a produção desses hormônios. Para começar, vamos olhar mais atentamente para cada um desses hormônios e seu papel no nosso corpo:

  • Dopamina: Frequentemente associada à recompensa, a dopamina é liberada quando esperamos algo que causa excitação ou quando alcançamos um objetivo. Ela nos faz sentir bem e motivados para buscar novos desafios.
  • Ocitocina: Esta é frequentemente chamada de “hormônio do amor” porque é liberada durante momentos de intimidade física e emocional. Não é apenas sobre relacionamentos românticos, mas também sobre a conexão entre mãe e filho, entre amigos e até com animais de estimação.
  • Serotonina: A serotonina está frequentemente relacionada ao nosso humor. Ela ajuda a regular o sono, o apetite e o ritmo circadiano. Quando seus níveis estão adequados, nos sentimos mais equilibrados e positivos.
  • Endorfinas: Esses são nossos analgésicos naturais. Elas desempenham um papel vital em mascarar a dor e gerar sensações de euforia. São comumente liberadas após o exercício, o que explica o “alto do corredor” que muitos atletas experimentam.

2. Alimentação e Hormônios do Prazer

Uma das principais formas de estimular a produção desses hormônios é através da alimentação. O que comemos tem um grande impacto em nossa química cerebral. A seguir, alguns alimentos que podem otimizar a produção desses hormônios:

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  • Chocolate: O cacau é rico em compostos que promovem a liberação de endorfinas e serotonina. Mas opte por chocolate amargo, que contém mais cacau e menores índices de açúcar.
  • Banana: Esta fruta contém tirosina, que é convertida em dopamina no corpo. Além disso, as bananas fornecem vitaminas do complexo B, que ajudam na produção de serotonina.
  • Peixes gordurosos: Salmão, atum e sardinha são ricos em ácidos graxos ômega-3, que têm um papel na produção de dopamina e serotonina.
  • Frutas e vegetais: Ricos em antioxidantes, eles protegem o cérebro e potencializam a produção de hormônios do prazer.

3. Atividade Física e Estímulo Hormonal

Além dos benefícios da saúde física, a prática regular do exercício é uma importante forma  de impulsionar a produção desses hormônios:

  • Cardio: Exercícios aeróbicos, como correr ou nadar, liberam endorfinas, dando-nos uma sensação de euforia, além de melhorar a saúde cardiovascular..
  • Yoga e meditação: Ao promover o relaxamento profundo, essas práticas podem equilibrar os níveis de cortisol (hormônio do estresse) e promover a liberação de dopamina e serotonina.
  • Treinamento de força: Levantar pesos não só constrói músculos fortes, mas também ajuda na liberação de neurotransmissores como a dopamina e endorfinas.

4. Relações Sociais e Intimidade

O ser humano tem a conexão e os relacionamentos como algo fundamental na construção de uma boa saúde global. Nossas interações sociais também desempenham um papel importante em nossa química cerebral:

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  • Toque físico: Qualquer forma de contato físico amigável, seja um abraço, uma massagem ou carinho, pode disparar a liberação de ocitocina.
  • Conexões profundas: Estar em uma comunidade, participar de grupos ou ter conversas significativas e profundas pode ajudar na liberação de serotonina e oxitocina. Mesmo interações online significativas podem ter um impacto.
  • Atos de bondade: Fazer o bem para os outros, seja um ato de serviço ou apenas um elogio, pode aumentar os níveis de dopamina.

Conclusão

Nossa jornada através do intrincado universo dos hormônios do prazer nos mostra o quão maravilhosamente equipados estamos para encontrar alegria, contentamento e prazer em nosso cotidiano. 

Em vez de procurar constantemente estímulos externos para nos trazer felicidade, temos em nosso próprio corpo uma fonte inestimável de bem-estar. E o mais empolgante é que não somos meros espectadores: temos o poder de influenciar e potencializar essa química de forma proativa. 

Seja através da comida que escolhemos, do exercício que praticamos ou das conexões humanas que nutrimos, cada ação tem o potencial de criar uma reação positiva em nosso equilíbrio hormonal. 

Assim, ao passo que a vida moderna nos apresenta desafios e estressores inúmeros, também nos dá ferramentas e conhecimento para buscar um estado de equilíbrio e satisfação

Ao compreender e abraçar a ciência dos hormônios do prazer, estamos não apenas investindo em nossa saúde mental e emocional, mas também reivindicando a capacidade inerente que temos de criar momentos de alegria, propósito e conexão em nosso dia a dia.

Kayo Barboza

Médico Psiquiatra (CRM/BA 27300/RQE 17784) com formação em Mindfulness, fundador do Projeto Kalmaria e apaixonado pela missão de promover saúde mental para o maior número de pessoas possível.

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